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segunda-feira

Alienação Parental



A síndrome de alienação parental (SAP) foi definida, na década de 1980, pelo psiquiatra norte americano Richard Gardner, como um distúrbio infantil que afeta crianças e adolescentes envolvidos em situações de disputa de guarda entre os pais. No Brasil, a Lei da Alienação Parental, 12.318 foi sancionada no dia 26 de agosto de 2010. Essa prevê medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos. A Lei da Alienação Parental, 12.318 foi sancionada no dia 26 de agosto de 2010.
Os casos mais frequentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações onde o rompimento da vida conjugal gera em um dos genitores, uma predisposição vingativa muito grande. Isso quando este não consegue ou não aceita a separação. A partir disso, inicia-se o processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. Estes processos de alienação causam nas crianças/adolescentes grandes danos emocionais e psíquicos, pois estes se tornam um alvo claro para a destruição do “objeto de ódio” do genitor alienante. Destruir este alvo é a forma que o alienador encontra de “matar” a frustração pela perda vivida, sem levar em conta o resultado final, ou seja, o dano causado aos filhos.
A Criança Alienada apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família, se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor e guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade. A participação de um psicólogo no processo de separação dos pais é essencial para ajudar tanto os pais quando a criança nesse período, que pode desencadear futuros problemas para a criança, como: distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico, utilização drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação; ato suicida, baixa autoestima e não conseguir uma relação estável, quando adultas.
O que se pretende orientar aqui é o cuidado que os pais devem ter nesse tipo de processo de separação para com seus filhos. Colocar o bem estar da criança como prioridade é uma garantia que os pais devem dar para que cresçam sem nenhum tipo de sofrimento psíquico. Portanto o papel do psicólogo nesse contexto é essencial para a proteção psicológica da criança. Porém, muitas vezes o psicólogo atua no problema quando esse chega à justiça, ou seja, já houve muitos prejuízos para a criança.
A Guarda Compartilhada seria a melhor opção e a que melhor atende às necessidades da criança após a separação dos pais, pelo aspecto fundamental da estruturação dos vínculos parentais e do convívio saudável e equilibrado com ambos, não há perdas de referências, não há dificuldades de relacionamentos, todas as questões importantes são resolvidas com a maturidade emocional necessária - e essa maturidade dos pais são exemplos para os filhos.

Fonte: SOUSA, Analícia Martins de  and  BRITO, Leila Maria Torraca de. Síndrome de alienação parental: da teoria Norte-Americana à nova lei brasileira. Psicol. cienc. prof. [online]. 2011, vol.31, n.2, pp. 268-283. ISSN 1414-9893.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932011000200006. 
LAGO, Vivian de Medeiros  and  BANDEIRA, Denise Ruschel. A Psicologia e as demandas atuais do Direito de família. Psicol. cienc. prof. [online]. 2009, vol.29, n.2, pp. 290-305. ISSN 1414-9893.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932009000200007. 
Para saber mais:



terça-feira

Agorafobia


“Em setembro de 1999, estava o paciente andando pelas imediações de sua residência quando subitamente notou seu coração acelerado, sudorese intensa, boca seca, falta de ar e dores no peito; desesperou-se achando que iria ter um "infarto". Foi levado por sua mãe ao pronto socorro, e após exames físicos sem anormalidades, o médico plantonista medicou o paciente com diazepan e explicou que "havia sido uma crise de ansiedade”, liberando-o em seguida.” 1
“Seu primeiro ataque de pânico ocorreu quando estava em um ônibus que vinha de Petrópolis para o Rio de Janeiro, vindo da casa de seus pais, que passavam uma temporada de férias naquela cidade. Os seus sintomas consistiram em uma forte taquicardia, sensações de falta de ar, tontura, ondas de frio e calor, sudorese, tremores internos e ideias de morte iminente por ataque cardíaco. Em decorrência disso, passou a evitar andar de ônibus, elevador, avião, passar em túneis e viadutos, e evitava também engarrafamentos.“ 2

Pode-se dizer que os dois relatos acima apresentam uma mistura de ataques de pânico, medo e ansiedade característicos da Agorafobia. Este distúrbio da ansiedade se resume basicamente pelo próprio medo de ter medo, de sentir mal em lugares como: festas, ônibus lotado, pontes, filas, trem ou automóvel. O medo desencadeia um comportamento de evitação provocado por lugares ou situações onde sair seria difícil ou embaraçoso caso se tenha uma crise de pânico ou algum mal estar. À medida que a pessoa começa a evitar lugares essenciais à sua vida ela passa por muitas dificuldades que influenciam sua qualidade de vida. A relação entre a agorafobia e o pânico é bem próxima. Existe transtorno do pânico sem agorafobia, mas a agorafobia sem pânico é incomum, havendo até mesmo quem afirme que não existe agorafobia isoladamente. As crises de pânico são bastante desagradáveis, mas não afetam o ritmo de vida como a agorafobia faz: torna os pacientes dependentes de outras pessoas para sair de casa e fazer as coisas mais elementares como comprar um pão na padaria. Pode até impedir o paciente de ir ao trabalho, ao médico, de ajudar quem dele precisa.

O tratamento pode ser feito pela combinação de medicamento mais a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Como característico da TCC, técnicas serão aplicadas, afim de, diminuir os sintomas fóbicos, a ansiedade antecipatória e preparar o paciente para enfrentar futuras recaídas. 

Fonte: 1: D'EL REY, Gustavo J. Fonseca.Exposição ao vivo no tratamento de agorafobia: relato de caso.Psicol. cienc. prof. [online]. 2002, vol.22, n.4, pp. 80-85. ISSN 1414-9893.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932002000400010.
2: RANGE, Bernard. Tratamento cognitivo-comportamental para o transtorno de pânico e agorafobia: uma história de 35 anos. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2008, vol.25, n.4, pp. 477-486. ISSN 0103-166X.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2008000400002. 

segunda-feira

Esquizofrenia



A esquizofrenia é uma doença caracterizada por graves danos para a cognição, para o afeto e para o comportamento. É uma séria desestruturação psíquica, em que a pessoa perde a capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar crenças irreais (delírios), percepções falsas do ambiente (alucinações) e comportamentos que revelam a perda do juízo crítico.
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial, independente da cultura, condição socioeconômica ou etnia. Geralmente ocorre na adolescência ou início da idade adulta, sendo mais rara na infância ou após os cinquenta anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a terceira doença que mais afeta a qualidade de vida da população entre 15 e 44 anos.
Não existe uma causa específica para a esquizofrenia, vários fatores concorrem entre si, como: quadro psicológico; o ambiente; histórico familiar da doença e de outros transtornos mentais; uso de substâncias psicoativas poderem ser responsáveis pelo desencadeamento de surtos e afloração de quadros psicóticos (desconexão com a realidade, alucinações, delírios, e comportamento inadequado).
Os sintomas da esquizofrenia podem variar de pessoa para pessoa, podendo aparecer de forma gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Podem ser divididos em duas grandes categorias: sintomas positivos e negativos.
Sintomas positivos:
Os sintomas positivos estão relacionados diretamente ao surto psicótico. A capacidade de perder a noção do que é real e do que é fantasia, criação da mente da própria pessoa, é um aspecto muito presente nos quadros agudos da esquizofrenia. Podem não ocorrer em todos os casos de esquizofrenia e, mesmo quando presentes, podem variar na intensidade e qualidade dos sintomas. Existem pacientes que não possuem muitos delírios e outros que nunca tiveram alucinações. Há os que apresentam mais sintomas de desorganização psíquica e do comportamento e que não apresentam delírios ou alucinações.
Os delírios são ideias delirantes e pensamentos irreais que mudam o contexto vivido pela pessoa, ou seja, ela distorce a realidade. As mais comuns são a ideia de estar sendo perseguida por alguém, de ser observada ou de que as pessoas falam dela. Outras ideias fantasiosas, como de cunho religioso, místico ou grandioso também podem ocorrer.
Na alucinação, a pessoa pode ouvir ou ver coisas que não existem ou não estão presentes, como escutar vozes conversando entre si ou se referindo à própria pessoa, insultando-a ou ordenando que faça algo. Ela pode ver vultos ou imagens de pessoas, personagens de seu delírio, com as quais é capaz de conversar e interagir. Há casos também de alucinações olfativas (sentir cheiros estranhos), gustativas, táteis (sentir choques ou como se bichos andassem em seu corpo) e dos órgãos internos (sentir o coração derretendo, órgãos apodrecendo).
Tanto no delírio quanto nas alucinações a pessoa não tem controle sobre si. Ambos os sintomas dominam a consciência a influenciam no comportamento.
Sintomas negativos:
Os sintomas negativos se referem à fase crônica da esquizofrenia. Embora possam ocorrer na fase aguda, eles se prolongam por mais tempo e predominam em longo prazo. Esses sintomas são chamados também de deficitários, como referência à deficiência de algumas funções mentais, como a vontade e a afetividade.
As características desses sintomas são: dificuldades de realizar e terminar tarefas, demonstrando desinteresse por essas atividades; dificuldade em expressar e demonstrar seus afetos e emoções, atrapalhando a interação e comunicação social; fala desorganizada, lenta e sem lógica.
Por serem mais duradouros, esses sintomas causam prejuízos na qualidade de vida da pessoa e de seus familiares.
Existem ainda classificações da esquizofrenia de acordo com sua apresentação clínica:
· Esquizofrenia paranóide
· Esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada
· Esquizofrenia catatônica
· Esquizofrenia indiferenciada
· Esquizofrenia simples
· Esquizofrenia residual
A farmacoterapia é altamente eficaz no tratamento da esquizofrenia, porém de 25 a 50% dos pacientes continuam a experimentar problemas característicos dessa doença, como: delírios, alucinações, sintomas negativos, depressão e ansiedade). A terapia cognitiva aparece como um forte apoio para diminuição desses sintomas se comparado a outros tipos de terapias.

Fonte:  Leahy RL. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 305-25.
OLIVEIRA, Renata Marques; FACINA, Priscila Cristina Bim Rodrigues  and  SIQUEIRA JUNIOR, Antônio Carlos. A realidade do viver com esquizofrenia. Rev. bras. enferm. [online]. 2012, vol.65, n.2, pp. 309-316. ISSN 0034-7167.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672012000200017. 

Para saber mais: