É
natural do ser humano depender do outro em vários contextos, mas a dependência
excessiva pode ser um problema, passando a ser chamada de transtorno da
personalidade dependente (TPD), caracterizado pela dependência afetiva e física de outras pessoas. As pessoas dependentes
resistem em tomar decisões mais simples do dia-a-dia, necessitam de
conselhos e costumam fazer que os outros sugerem. Possuem dificuldades em
realizar projetos ou desenvolver atividades sozinhos, sentem-se desconfortáveis
quando estão a sós e se superam para estarem com outras pessoas. Eles se sentem
desamparados, quando recebem uma resposta de desaprovação ou quando há um
afastamento nos relacionamentos temendo serem abandonados. Chegam a se sujeitar
aos outros e vão a extremos para fazer com que as pessoas gostem deles. Esses
indivíduos não possuem autoconfiança e desconsideram suas capacidades e forças.
Tanto
a depressão com a ansiedade são problemas comuns no TPD. Primeiro pela falta de
iniciativa, sentimentos de incapacidade e dificuldade de tomar decisões.
Segundo pela ansiedade de separação temendo serem abandonados. Ataques de
pânico podem ocorrer quando surgem novos desafios e responsabilidades, pois não
acreditam ser capazes de enfrentá-los. Apresentando assim, déficit em habilidades
sociais e na capacidade de solucionar problemas. As fobias (medos) chamam a
atenção e provocam atitudes de cuidado e carinho dos outros reforçando o
comportamento dependente. Às vezes, por parecerem tão carentes, desesperados e pegajosos
têm dificuldades em seus relacionamentos, sempre procurando outra pessoa para
se relacionar quando solteiros.
De acordo como o DSM-IV (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed), para transtorno da personalidade dependente, é necessário a
identificação de no mínimo cinco critérios a seguir:
- Dificuldade em tomar decisões d dia-a-dia, sem uma quantidade excessiva de conselhos por parte de outras pessoas;
- necessidade de que os outros assumam a responsabilidade pelas principais áreas de sua vida;
- dificuldade em expressar discordância de outros, pelo medo de perder apoio ou aprovação;
- dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (em virtude de falta de confiança em seu julgamento ou capacidade, não por falta de motivação ou energia);
- vai a extremos para obter carinho o apoio dos outros, a ponto de oferecer-se para fazer coisas desagradáveis;
- sente desconforto ou desamparo quando só, em razão de temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si próprio;
- busca urgentemente um novo relacionamento como fonte de carinho e amparo, quando um relacionamento íntimo é rompido;
- preocupação irrealista com temores de ser abandonado à própria sorte.
Estudos
sobre ambientes familiares dessas pessoas mostraram que tiveram famílias que
estimulavam pouco a independência e excesso de apego parental. No início da
idade adulta, quando a transtorno se apresenta, essas pessoas desenvolvem ideias
de desamparo e incapacidade de lidar com o mundo sozinho. Assim, acreditam que
precisam de outra pessoa para protegê-los. Possuem crenças do tipo: “Eu sou inadequada
demais para enfrentar a vida sozinha”; “Se meu companheiro me largar estarei
acabada”;” Se eu for mais independente, ficarei isolada e sozinha”.
O tratamento é relativamente lento, tendo como foco principal a autonomia da pessoa, no sentido de torná-la capas de agir independentemente dos outros, mas, ao mesmo tempo, ter a capacidade de desenvolver relacionamentos estreitos e íntimos. O terapeuta, também, tem o objetivo de aumentar a autoconfiança e o senso de auto-eficácia da pessoa dependente, ajudando-o a encorajar um papel mais ativo no enfrentamento de seus problemas.
A terapia adequada vai contribuir para uma maior satisfação da pessoa em sua vida e suas relações, como também em um maior sucesso em seus projetos futuros.
Fonte:terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Artes Médicas, Porto Alegre, 1993. (Original publicado em 1990).
Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 4a edição. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995
Para saber mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário