A esquizofrenia é uma doença caracterizada por graves danos para a cognição, para o afeto e para o comportamento. É uma séria desestruturação psíquica, em que a pessoa perde a capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar crenças irreais (delírios), percepções falsas do ambiente (alucinações) e comportamentos que revelam a perda do juízo crítico.
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial, independente da cultura, condição socioeconômica ou etnia. Geralmente ocorre na adolescência ou início da idade adulta, sendo mais rara na infância ou após os cinquenta anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a terceira doença que mais afeta a qualidade de vida da população entre 15 e 44 anos.
Não existe uma causa específica para a esquizofrenia, vários fatores concorrem entre si, como: quadro psicológico; o ambiente; histórico familiar da doença e de outros transtornos mentais; uso de substâncias psicoativas poderem ser responsáveis pelo desencadeamento de surtos e afloração de quadros psicóticos (desconexão com a realidade, alucinações, delírios, e comportamento inadequado).
Os sintomas da esquizofrenia podem variar de pessoa para pessoa, podendo aparecer de forma gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Podem ser divididos em duas grandes categorias: sintomas positivos e negativos.
Sintomas positivos:
Os sintomas positivos estão relacionados diretamente ao surto psicótico. A capacidade de perder a noção do que é real e do que é fantasia, criação da mente da própria pessoa, é um aspecto muito presente nos quadros agudos da esquizofrenia. Podem não ocorrer em todos os casos de esquizofrenia e, mesmo quando presentes, podem variar na intensidade e qualidade dos sintomas. Existem pacientes que não possuem muitos delírios e outros que nunca tiveram alucinações. Há os que apresentam mais sintomas de desorganização psíquica e do comportamento e que não apresentam delírios ou alucinações.
Os delírios são ideias delirantes e pensamentos irreais que mudam o contexto vivido pela pessoa, ou seja, ela distorce a realidade. As mais comuns são a ideia de estar sendo perseguida por alguém, de ser observada ou de que as pessoas falam dela. Outras ideias fantasiosas, como de cunho religioso, místico ou grandioso também podem ocorrer.
Na alucinação, a pessoa pode ouvir ou ver coisas que não existem ou não estão presentes, como escutar vozes conversando entre si ou se referindo à própria pessoa, insultando-a ou ordenando que faça algo. Ela pode ver vultos ou imagens de pessoas, personagens de seu delírio, com as quais é capaz de conversar e interagir. Há casos também de alucinações olfativas (sentir cheiros estranhos), gustativas, táteis (sentir choques ou como se bichos andassem em seu corpo) e dos órgãos internos (sentir o coração derretendo, órgãos apodrecendo).
Tanto no delírio quanto nas alucinações a pessoa não tem controle sobre si. Ambos os sintomas dominam a consciência a influenciam no comportamento.
Sintomas negativos:
Os sintomas negativos se referem à fase crônica da esquizofrenia. Embora possam ocorrer na fase aguda, eles se prolongam por mais tempo e predominam em longo prazo. Esses sintomas são chamados também de deficitários, como referência à deficiência de algumas funções mentais, como a vontade e a afetividade.
As características desses sintomas são: dificuldades de realizar e terminar tarefas, demonstrando desinteresse por essas atividades; dificuldade em expressar e demonstrar seus afetos e emoções, atrapalhando a interação e comunicação social; fala desorganizada, lenta e sem lógica.
Por serem mais duradouros, esses sintomas causam prejuízos na qualidade de vida da pessoa e de seus familiares.
Existem ainda classificações da esquizofrenia de acordo com sua apresentação clínica:
· Esquizofrenia paranóide
· Esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada
· Esquizofrenia catatônica
· Esquizofrenia indiferenciada
· Esquizofrenia simples
· Esquizofrenia residual
A farmacoterapia é altamente eficaz no tratamento da esquizofrenia, porém de 25 a 50% dos pacientes continuam a experimentar problemas característicos dessa doença, como: delírios, alucinações, sintomas negativos, depressão e ansiedade). A terapia cognitiva aparece como um forte apoio para diminuição desses sintomas se comparado a outros tipos de terapias.
Fonte: Leahy RL. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 305-25.
OLIVEIRA, Renata Marques; FACINA, Priscila Cristina Bim Rodrigues and SIQUEIRA JUNIOR, Antônio Carlos. A realidade do viver com esquizofrenia. Rev. bras. enferm. [online]. 2012, vol.65, n.2, pp. 309-316. ISSN 0034-7167. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672012000200017.
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