O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDA/H) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e com frequência acompanha o indivíduo por toda a sua vida afetando 5% da população. O indivíduo que tem TDA/H é inteligente, criativo e intuitivo, porém não consegue realizar todo seu potencial em função das suas três principais características: hiperatividade, impulsividade e distúrbios da atenção.
Muitas crianças são diagnosticadas com hiperatividade erroneamente e acabam tomando remédio como a Ritalina (tarja preta) para justificar o mau desempenho escolar e comportamentos inadequados. Para muitos pais rotular o filho com esse transtorno acaba sendo mais relevante e o remédio pode então, resolver tudo. Escolas estão diagnosticando cada vez mais seus alunos com TDA/H porque os professores não conseguem controlar os bagunceiros e o “sossega leão” acaba sendo um aliado. Mas para a criança isso pode ter consequências ruins como autoestima baixa, depressão, retardo no crescimento ao romper os ciclos dos hormônios de crescimento, sofrimento emocional (quando interrompido), além de danos cerebrais irreversíveis. Os familiares devem ficar atentos a esse diagnóstico tão comum hoje em dia.
Existem três tipos de TDA/H. De acordo com o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed) suas características são:
Transtorno de déficit de atenção com predomínio do sintoma de desatenção:
São necessárias 6 entre 9 características.
- Deixar de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras.
- Ter dificuldade, nas tarefas ou atividades lúdicas, em manter a atenção no que faz.
- Distrair-se e não escutar quando lhe dirigem a palavra.
- Ter dificuldade em seguir instruções e terminar deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais, sendo que esta dificuldade não se deve à incapacidade de compreender as instruções e nem por um comportamento de oposição à autoridade.
- Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades.
- Evitar ou antipatizar tarefas que exijam esforço mental constante, como tarefas escolares, estudos, deveres de casa ou do trabalho. E só com relutância envolver-se nelas.
- Perder brinquedos, lista de deveres escolares, lápis, livros ou outros materiais, que são necessários para tarefas ou atividades.
- Os estímulos alheios facilmente o distraem das tarefas em que está engajado.
- Apresenta dificuldades para se lembrar de coisas necessárias em atividades diárias.
São necessárias 6 entre 9 características.
- Agitar mãos ou pés ou se remexer na cadeira constantemente sem razão aparente.
- Em situações nas quais se espera que permaneça sentado, como na aula, igreja, no almoço ou outra atividade, abandona sua cadeira diversas vezes.
- Agitar-se, correndo ou escalando de forma inapropriada para a situação. Para os adolescentes e adultos podem ocorrer apenas sensações subjetivas de inquietação.
- Demonstrar dificuldade para brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer.
- Estar sempre agitado, "a mil por hora" ou às vezes agindo como se estivesse "a todo vapor".
- Falar demais, além do adequado.
- Dar respostas precipitadas, antes mesmo das perguntas terem sido completadas.
- Ter dificuldade para aguardar sua vez.
- Interromper ou intrometer-se em conversas ou brincadeiras de outros sem ser convidado.
Quando há características da desatenção, hiperatividade e impulsividade em conjunto.
A terapia cognitiva-comportamental é eficaz no tratamento de TDA/H quando corretamente diagnosticado, pois ajuda em aprender estratégias para manejar o transtorno, reduzir o impacto dos sintomas, aumentar a adesão aos medicamentos, reduzir o stress, aumentar a regularidade de dormir, melhorar as condições de aprendizado, desenvolver um autoconceito mais realista e duradouro, preservar a autoestima e a solucionar problemas relacionados ao transtorno. A Ritalina é usada sem problemas quando o diagnóstico é confirmado pois se trata de um transtorno neurobiológico.
Fonte: Diagnnóstico e estatístico de transtornos mentais. 4a edição. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995
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MEIRA, Marisa Eugênia Melillo. Para uma crítica da medicalização na educação. Psicol. Esc. Educ. [online]. 2012, vol.16, n.1, pp. 136-142. ISSN 1413-8557. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572012000100014.
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