O avanço da tecnologia trouxe juntamente a internet, que tem
acesso em praticamente todos os lugares por vinte e quatro horas por dia, e trouxe também os
jogos eletrônicos de diversas fontes, que são cada vez mais populares no lazer das pessoas. Essa
modernidade possui vantagens e desvantagens, como, o surgimento de um novo
transtorno psiquiátrico quando utilizada em excesso e de forma incorreta.
A internet apresenta diversas funcionalidades, favorecendo a
comunicação, a busca de informações, sendo até um tipo de ferramenta no contato
social que ajuda e muito as pessoas tímidas e introvertidas que utilizam chats (como “MSN”, Facebook, Orkut,
entre outras redes sociais) como via no contato social. Os jogos eletrônicos são
considerados uma ferramenta lúdica que facilita na aprendizagem, nas
habilidades cognitivas e motoras e são utilizadas como técnica em muitos tratamentos terapêuticos. Fica evidente que o vídeo game hoje em dia é uma das principais
atividades de lazer das crianças e até de alguns adultos. Há uma preocupação em
relação ao uso dessas tecnologias no crescimento e formação dos adolescentes e
crianças por parte dos educadores e pais, pois, eles influenciam na construção dos
pensamentos e comportamentos dos mesmos.
Apesar dos diversos benefícios na prática dos jogos
eletrônicos, estudos indicam que o abuso no uso de qualquer um desses meios
tecnológicos pode desencadear dependência. Pesquisadores revelam que a utilização incorreta de jogos eletrônicos ou da internet possui a chance de ser incluída
no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) em sua quinta
edição em 2013, juntamente com os grupos dos transtornos do controle de
impulsos e do uso de substâncias. Foi assim comparada, porque as atividades
cerebrais ativadas no uso de jogos e internet são semelhantes às dos
dependentes químicos.
Outros estudos demonstram que esse novo transtorno ocorre
com mais frequência em pessoas do sexo masculino na adolescência e na idade
adulta. As causas já descobertas são os fatores biológicos, vulnerabilidade
mental e aprendizagens incorretas. O que merece ser destacado entre as causas é
que, quando mais cedo o usuário tiver acesso aos jogos eletrônicos, maiores
serão as chances de desenvolver essa psicopatologia no futuro. Portanto uma
correta educação com as crianças na escola e em casa são essenciais na
prevenção de problemas relacionados ao uso tecnológico. Dados de pesquisas
revelam que 3% dos usuários eletrônicos podem se tornar dependentes.
Os sintomas do dependente de jogos eletrônicos podem ser:
- Quando o usuário encontra-se incapaz de controlar a frequência e o tempo de uso
- Utilização de jogos eletrônicos como atividade mais importante na vida da pessoa, dominando seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
- Tendência a aumentar o tempo de uso para obter satisfação.
- Modificação do humor (irritabilidade, tristeza).
- Emoções negativas quando o jogador interrompe o uso ou diminui o tempo dedicado.
- Problemas interpessoais, envolvendo mentiras e decepções.
- Piora no rendimento no trabalho, no ambiente de estudo e na socialização.
A família no processo
de prevenção dessa dependência tem total importância. Conscientizar as crianças
e adolescentes sobre o uso dos jogos eletrônicos durante a semana, no período
escolar, controlar o tempo de uso, sugerir outras atividades de lazer e
monitorar o conteúdo utilizado pelos filhos na internet são exemplos do papel
educacional que os pais devem exercer. Todos esses cuidados preventivos têm
consequências positivas no rendimento escolar e no bom desenvolvimento psíquico
e social da criança e adolescente.
Pesquisas ainda estão sendo realizadas para acompanhar os
acontecimentos contemporâneos e suas consequências no cotidiano dos indivíduos.
O uso da internet e jogos eletrônicos têm muitos benéficos, porém à medida que
as pesquisas vão evoluindo surgem mais evidências de um possível adoecimento
na sociedade moderna resultante do uso incorreto dessas ferramentas tecnológicas.
Fonte: ABREU, Cristiano Nabuco de; KARAM, Rafael Gomes; GOES, Dora Sampaio and SPRITZER, Daniel Tornaim. Dependência de Internet e de jogos eletrônicos: uma revisão. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2008, vol.30, n.2, pp. 156-167. ISSN 1516-4446. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462008000200014.
LEMOS, Igor Lins and SANTANA, Suely de Melo. Dependência de jogos eletrônicos: a possibilidade de um novo diagnóstico psiquiátrico. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2012, vol.39, n.1, pp. 28-33. ISSN 0101-6083. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832012000100006.
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