Várias pesquisas demonstram que a fase inicial da vida tem papel central na formação física, cognitiva e emocional das pessoas. Neste contexto, o papel dos pais é de extrema importância para a futura formação da criança.
Baseando-se no livro: Intervenções e Treinamento de Pais na Clínica Infantil (CAMINHA, M.G. & CAMINHA, R.M. (2011)), existem vários fatores fundamentais para um desenvolvimento saudável na infância como:
- Apego e vínculo: O apego se define como o comportamento que o bebê realiza no sentido de conseguir os cuidados por parte dos responsáveis resultando em um sentimento de segurança. Conforme esse apego vai sendo respondido, o bebê então começa a criar um laço com as pessoas que atendem às suas necessidades. Por sua vez, o vínculo é um relacionamento emocional e psicológico duradouro que pode ser direcionado há qualquer pessoa. O que nos interessa aqui é o apego, quando há uma carência pode haver problemas na relação social futura da criança. É importante por parte dos pais e cuidadores atuarem de forma sensível e responsável nesta fase do seu filho.
- Primeiras interações: Neurocientistas descobriram que logo após o nascimento do bebê é de extrema importância o contato com a mãe, pois na hora do parto ela libera uma grande quantidade de oxitocina, hormônio responsável pela redução de estresse e regulação de comportamentos sociais. Sendo importante para a relação mãe e bebê.
- Dormir: Dificuldades de sono podem sinalizar outros problemas. Sabe-se que durante o sono são produzidos hormônios responsáveis pelas funções de aprendizagem, crescimento e regulação do estado de humor. Nos bebês os estágios e os ciclos dos sonos se desenvolvem completamente entre o quarto e sexto mês normalizando ao longo dos meses. Por causa das dificuldades que os pais encontram nesses períodos, às vezes eles recorrem a técnicas de regular o sono do bebê. Deixar a criança chorar por períodos longos até que durma sozinha é uma técnica que pode prejudicar o apego da criança com seus cuidadores, deixando-a sem o sentimento de segurança e consequentemente ficando estressada. Outra técnica reconhecida é forçar o bebê a ficar acordado durante o dia para então dormir a noite. Estudos indicam que interromper os estágios de sono pode acarretar em sérios problemas comportamentais e diminuição de massa cerebral. Portanto as intervenções mais adequadas são: criar um ritual antes de colocar o bebê para dormir, fazendo com que ele associe o ritual com a hora de dormir; fazer atividades menos estimulantes durante a noite (para que diferencia o dia da noite); alimentar a criança antes de dormir; evitar fazê-la dormir no colo; quando o bebê acordar durante a noite tentar acalmá-lo antes de alimentá-la, pois pode não ser fome e isso evita que, futuramente a criança satisfaça suas ansiedades nos alimentos.
- Limites: Limites e regras são essenciais para o funcionamento social do ser humano. Na infância esse termo se inicia quando a criança começa a andar, pois os obstáculos que aparecem em sua frente podem ser perigosos necessitando da intervenção de um adulto. Os limites empenham um importante papel na formação psíquica do sujeito como; capacidade de se expressar, internalização e obediência a regras morais e sociais, lidar com frustrações e controle do comportamento. Permitir demais pode resultar em problemas de conduta, intolerância a frustração e formação de crenças de competitividade e superioridade. A discordância entre os pais sobre os limites pode resultar em desobediência e a criança pode começar a fazer jogo entre os pais para conseguir o que quer. Os limites e regras devem ser colocados de maneira clara, combinada (certificando que a criança esteja prestando atenção), adequada à faixa etária da criança e justificada (o porquê do limite). As consequências da desobediência também devem ser informadas. Distrair as crianças até os dois anos é a melhor saída para aplicar limites, caso ela não entenda o porquê de tal regra. As punições da não obediência também devem ser bem pensadas. Falar em voz alta e com muita expressão facial, evitar punir em público, conversar no mesmo nível da criança (baixando na altura dos olhos dela), mostrar preocupação com a criança (não para mostrar quem manda) e a punição física corporal e sempre' desaconselhada. Quando há uma desobediência insistente recorrer a um profissional é o melhor caminho incluindo o treinamento de pais que é muito eficaz e usual.
- Alimentação: Proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais, são nutrientes essenciais para a boa formação cerebral e desenvolvimento cognitivo do ser humano. Ter cuidado com o sobrepeso na infância também é importante, evita futuros problemas de saúde e que a criança se torne um adulto obeso. A atividade física e o brincar também ajudam na regulação da alimentação e no crescimento intelectual.
- Emoção: Os pais, além de responderem às emoções das crianças, servem de modelos para a aprendizagem de outras emoções. Um dos objetivos do treinamento de pais é ampliar o repertório emocional da criança, flexibilizar as respostas emocionais e auxiliar na interpretação e avaliação emocional. Lidar com as emoções infantis ajuda na solução de conflitos e comportamentos adequados na vida adulta da criança.
O que se pretende destacar aqui além dos fatores influentes no desenvolvimento infantil é que o papel dos pais é de extrema importância para o reconhecimento das necessidades básicas de um crescimento saudável e são também atuantes na prevenção de futuros problemas na vida da criança quando adultos. O treinamento de pais auxilia na interação entre pais e filhos. O comportamento entre eles podem ser adequados ou não, e isso irá influenciar no repertório social do filho. Pode também ter efeito positivo para ambos em longo prazo, já que se refere a modificações reais no âmbito familiar. A criança pode estar ou não em tratamento terapêutico para que haja o treinamento de pais. Crianças que já apresentam um comportamento inadequado e que recebem cuidados dos pais que são orientados apresentam melhora no comportamento problema. O programa de treinamento de pais está cada vez mais presente em estratégias terapêuticas infantis. Sabe-se que ainda há muito que ser discutido sobre o assunto nas intervenções cognitivas, mas os estudos já feitos comprovam a eficácia do tratamento clínico.
Fonte: CAMINHA, M.G. & CAMINHA, R.M. (2011) Intervenções e Treinamento de Pais na Clínica Infantil. Porto Alegre, Ed. Sinopsys.
LEAHY, Robert L. (org). Terapia cognitiva contemporânea: teoria,pesquisa e prática. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Para saber mais:
http://www.youtube.com/watch?v=_CGu08gXTC4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=gooOmLun58Q
http://www.youtube.com/watch?v=gooOmLun58Q
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