A obesidade infantil vem aumentando significativamente no Brasil, desde a década de 1970, o número cresceu 53% entre crianças e adolescentes. Esse resultado tem a influência das transformações econômicas e das mudanças do estilo de vida, como hábitos alimentares da população. O padrão alimentar é formado por dietas ricas em gorduras, açúcares, e pobres em carboidratos complexos e fibras.
A redução das atividades físicas e o tempo de lazer, hoje em dia, dedicado à outras práticas que exigem pouco gasto de energia como, internet, vídeo games, ver TV, também são responsáveis pelo aumento de peso infantil além de causar outros prejuízos no seu desenvolvimento. (ver: Os transtornos da modernidade). Além desses fatores, a predisposição genética contribui para o aumento de peso. É importante lembrar que a obesidade infantil gera impacto na saúde física (risco de doenças cardiovasculares, complicações ortopédicas) e psicológica (bullying, dificuldades de relacionamento com outras crianças, autoestima comprometida).O risco da obesidade na idade adulta aumenta quando há obesidade na infância.
O ambiente em que a criança vive (escola, família) é o fator que mais contribui para a epidemia da obesidade infantil influenciando em seu comportamento. Os pais geralmente não percebem o excesso de peso do filho como um problema e só se preocupam quando há algum alerta médico. Há também os pais obesos, que acreditam que seus filhos estão acima do peso por questões genéticas e que nada pode ser feito, assim ignoram qualquer tipo de mudança para reverter o quadro.
Os pais ou cuidadores são responsáveis pelo ambiente de desenvolvimento da criança, por isso, é importante procurar ajuda tanto psicológica quando nutricional para a mudança de hábitos, garantindo um futuro saudável ao seu filho.
A psicologia cognitiva, nessa questão vai orientar os pais sobre a importância da relação familiar no comportamento da criança e ensinar práticas educativas visando um vínculo saudável da criança com o alimento. Veja algumas orientações:
- Preocupar com a qualidade do alimento e não controlar somente a quantidade.
- Manter uma rotina alimentar correta.
- Dar oportunidades criativas para criança experimentar diversos alimentos saudáveis.
- Oferecer opções de alimentos saudáveis para a criança escolher qual ela quer na hora da refeição.
- Não usar o alimento como tipo de punição ou recompensa de algum comportamento da criança. Ex: "limpar o prato" como condição de comer a sobremesa.
Auxiliar os pais na mudança familiar promovendo um clima de atenção, cuidado e compreensão com o filho é essencial para o tratamento da obesidade infantil. Técnicas terapêuticas proporcionam uma melhor qualidade de vida para criança na luta contra a obesidade. Toda a mudança de hábito que for favorável para uma vida saudável da criança é discutida no tratamento como, incentivar atividades físicas que exijam maior gasto de energia e educar a criança sobre a importância de uma boa alimentação para a saúde. A participação da família na reeducação alimentar e na mudança dos hábitos diários é o ponto mais importante do tratamento.
Fonte: MELLO, Elza D. de; LUFT, Vivian C. and MEYER, Flavia. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes?. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2004, vol.80, n.3, pp. 173-182. ISSN 0021-7557. http://dx.doi.org/10.2223/JPED.1180.
MISHIMA, Fernanda Kimie Tavares and BARBIERI, Valéria. O brincar criativo e a obesidade infantil. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2009, vol.14, n.3, pp. 249-255. ISSN 1413-294X. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2009000300009.
CAMINHA, M.G. & CAMINHA, R.M. (2011) Intervenções e Treinamento de Pais na Clínica Infantil. Porto Alegre, Ed. Sinopsys.
Para saber mais: